Chibchas

povo indígena da Colômbia
 Nota: Para o grupo de línguas sul-americanas, veja Família chibcha.
 Nota: Não confundir com Chichas.

Os Chibchas ou muíscas são um povo indígena do planalto central da Colômbia, que falava antigamente a língua chibcha e que formavam as Confederações Muíscas. Seu território foi conquistado pelo Império Espanhol em 1537.

Chibchas
Muiscas
Ornamentos usados por um tyba muisca
Museu do Ouro (Bogotá)
População total

14.051 (2005)[1]

Regiões com população significativa
Bogotá 5.713 [1]
Cota 3.378 [2]
Chía 1.918 [2]
Línguas
chibcha
Religiões
católica, tradicional
Grupos étnicos relacionados
U'was, Koguis, Laches

Os muíscas dividiam-se em duas confederações principais: a Hunza da zona norte, cujo soberano era o zaque , e a Bacatá da zona sul, cujo soberano era o zipa.[3] Ambas as confederações situavam-se nas terras altas dos atuais departamentos de Cundinamarca e Boyacá (Planalto Cundiboyacense) na região central da Colômbia.

O território dos muíscas estendia-se por uma área de 46 972 quilômetros quadrados (uma região um pouco maior que a Suíça) desde o norte de Boyacá ao Páramo de Sumapaz e dos cumes da Cordilheira Oriental para o Vale do Magdalena, onde fazia fronteira com os territórios dos pijaos e dos panches.

Na época da invasão espanhola, a área tinha uma grande população. Segundo Carl Langabaek, quando chegaram os europeus, habitavam no seu território entre 4 e 8 milhões de pessoas muíscas.[4] As línguas dos muíscas eram dialetos da língua chibcha, também chamados muysca e mosca, que pertencem à família lingüística chibchana.

Economia

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A economia era baseada na agricultura, metalurgia e manufatura. Cultivavam entre otros milho, batatas, quinoa, feijão, mandioquinha, abóboras, mashua, ulhucos pimentas, coca, frutas e algodão. Geralmente, cada família tinha chácaras em diferentes altitudes para fazer culturas próprias de diferentes climas. Criavam preás. Também caçavam, tanto mamíferos como veados, caititus e cutias, como diversas aves. Pescavam e tinham aquaculturas em canais. Tinham minas de sal e esmeralda. Eram excelentes ourives. Se destacava sua produção têxtil em milhares de fiações, teares e costureiros domésticos, e os mantos músicas serviam não só para autoconsumo e especialmente para ofertar às etnias vizinhas os mantos com desenhos coloridos e a sal, em troca por ouro dos panches e pijaos; cobre; esmeraldas dos muzos, e coca, tabaco e algodão dos teguas e sutagaos. Uma rede de caminhos e rotas fluviais unia o territorio chibcha com terras distantes e permitia que a sal e mantos músicas chegaram longe.[5][6]

Segundo os restos óseos encontrados, os musical nunca tiveram problemas de desnutrição.[4]

Matrimônio

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As linhagense a herança eram matrilineares. Os arqueólogos acharam evidencias uma estrita divisão de género no trabalho e em túmulos se nota o prestigio de algumas mulheres e o sistema de filiação por via da mãe. O incesto estava proibido. Segundo o cronista espanhol Lucas Fernández de Piedrahíta os homens pediam ao pai da mulher (ou a um substituto) a licença para casar-se com ela, ofertando uma quantidade de bens. Se por três vezes não era aceito, desistia. Porém, se sua proposta era aceita, podia levar a noiva por alguns dias a sua casa, e caso se agradassem, se casavam e continuavam morando na casa do esposo.[7] Segundo Ezequiel Uricoechea o noivo se sentavaa na noite na porta da casa da noiva e quando se abria a porta, saia a mulher com uma cuia cheia de chicha que provava primeiro e passava depois ao homem que a bebia. O casamento se celebrava ante o chyquy (sacerdote muisca), e os noivos deviam entrelaçar seus braços durante a cerimônia.[8] A poligamia era comum.

Política e organização administrativa

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Confederação Chibcha/Muísca

Confederação Pré-Colombiana

c.1450 – 1537   [[Vice-Reino de Nova Granada|]]
 
Localização de Confederação Chibcha/Muísca
Continente América do Sul
Capital Não especificada
Língua oficial Chibcha
Religião Politeísmo
Governo Confederação (No geral) e Monarquia (Nas cidades)
História
 • c.1450 Fundação
 • 1537 Dissolução

O povo muísca estava organizado em duas confederações. A confederação sul, liderada pelo Zipa , teve sua capital em Bacatá (agora Bogotá). Este sistema político do sul incluiu a maioria da população muísca e tinha maior poder econômico.

Os muíscas estavam organizados em confederações, que era uma fraca união de estados que mantinham a sua soberania. A Confederação não era um reino, pois não havia monarca absoluto, nem era um império , porque não dominavam outros grupos étnicos ou povos. A Confederação Muísca não pode ser comparada com outras civilizações americanas, como os astecas ou Império Inca. A Confederação Muísca foi uma das maiores e mais bem organizadas confederações de tribos do continente sul-americano. A maioria das tribos faziam parte do grupo étnico muísca, partilhando a mesma língua e cultura, e relacionando-se através do comércio. Uniam-se para enfrentar um inimigo comum. O exército era da responsabilidade do zipa ou do zaque. O exército era composto pelos güeches, os antigos guerreiros tradicionais do povo muísca.

A confederação do norte era governado pelo zaque, e tinha sua capital em Hunza, hoje conhecida como Santiago de Tunja. Embora ambas as confederações tivessem relações políticas e afinidades comuns e pertencessem tribos da mesma nação, ainda havia rivalidades entre elas. Entre as confederações, havia quatro domínios: Bacatá, Hunza, Duitama, e Sogamoso.

Cada uma das grandes divisiõess político-territoriais confederadas estava dividida em clãs, conhecidos como Zybyn, dirigidos cada um por um Zibyntyba; e além do mais, cada uma das aldeias o comunidades, denominadas Uta, era administrada por um líderes local ou cacique.[9][10]

Os territórios principais eram:

  • Territórios do Zipa:
  1. Distrito Bacatá: Teusaquillo, Tenjo, Subachoque, Facatativá, Tabio, Cota, Chía, Usaquén, Engativa, Suba, Sopó, Usme e Zipacón;
  2. Distrito Fusagasugá: Fusagasugá, Pasca e Tibacuy;
  3. Distrito Zipaquirá: Nemocón, Susa, Lenguazaque, Ubaté, Simijaca e Chocontá;
  4. Distrito Gachetá: Gachetá, Guatavita e Suesca.
  • Territórios do Zaque: Sorata, Ramiriquí, Machetá, Tenza, Tibirito, Lenguazaque e Turmequé;
  • Território do Tundama: Cerinza, Ocabitá, Onzaga, Ibacucu, Sativa, Tibana e outros;
  • Território do Sugamuxi: Bosbanza, Toca, Sogamoso e outros;
  • chefias Autónomas: Guaneta, Charalá, Chipata, Tinjacá, e outros.

A legislação muísca era de direito consuetudinário , ou seja, a aplicação das leis era determinada por costumes há muito estabelecidos a aprovação do Zipa ou Zaque. Este tipo de legislação era adequado para um sistema de confederação, e era bem-organizado. Os recursos naturais não podiam ser privatizados: bosques, lagos, planaltos, rios e outros recursos naturais eram bens comuns.

O rito no qual o cacique, o sumo sacerdote, cobria seu corpo com pó de ouro e mergulhava na lagoa de Guatavita deu origem ao mito de El Dorado, que atraiu os aventureiros espanhóis em busca de grandes tesouros.

Muiscas contemporáneos

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Os chibchas muiscas não tem desaparecido. Desde 1989 se tem dado um processo de defesa da identidade e de reorganização dos cabildos das comunidades muiscas de Suba, Bosa, Cota, Chía e Sesquilé. Estes cabildos se reuniram entre os dias 20 e 22 de setembro de 2002 em Bosa, no "I Congresso Geral do Povo Muisca" e constituíram o Cabildo Maior do Povo Muisca, que se afiliou à Organização Nacional Indígena da Colômbia ONIC. Seus objetivos são a defesa do território atualmente ocupado e seus ecossistemas; e a recuperação lingüística e cultural. Também apoiam às comunidades muiscas de Soacha, Tocancipá, Ubaté, Tenho e Ráquira, para que defendam sua identidade.[11][12]

No Censo Nacional de 2005, foram recenseados 14.051 indígenas muiscas, 5.713 de eles no Distrito de Bogotá, e nos 2.410 y 1.843 nos municípios de Cota e Chía, respetivamente.[1]

O Cabildo Maior e os 5 cabildos das comunidades tem conseguido reconhecimento oficial e também a demarcação das terras indígenas de Fonquetá em Chía e do resguardo de Cota, segundo os acordos número 315 de 2013 do Incoder e 50 de 2018 da Agencia Nacional de Terras.

Além das comunidades que conservam sua identidade, o legado dos chibchas músicas também está presente hoje na região: na organización social, nas pautas alimentares, costumes, vocabulário e jeitos de ver o mundo, especialmente entre o campesinato mestiçoo.[4]

Referências

  1. a b c DANE Censo Nacional de Población 2005. Bogotá D.C.
  2. a b DANE (junio de 2021) "Visor pueblo indígenas". CNPV2018. Bogotá: Departamento Nacional de Estadística.
  3. Fundación Misión Colombia (1989) Historia de Bogotá, tomo 1 Conquista y Colonia. Bogotá, Colombia: Salvat-Villegas editores, p. 60.
  4. a b c Langebaek Rueda, Carl Henrik (2019) Los Muiscas: La historia milenaria de un pueblo chibcha. Bogotá: Editorial Debate, 2019. ISBN 978-958-5446-60-1
  5. Langabaek, Carl Henrik (1987) Mercados, doblamiento e integración étnica entre los músicas siglo XVI. Bogotá: Banco de la República. ISBN 958-9028-40-3
  6. Suescún Monroy, Armando (1987) La economía chibcha. Bogotá: Tercer Mundo. ISBN 958-601-137-2
  7. Piedrahita, Lucas Fernández. Historia general de las conquistas del Nuevo Reyno de Granada (Amberes: 1688), Primera Parte, Libro I, Cap. I, p. 16.
  8. Uricoechea, Ezequiel (1854) Antigüedades Neogranadinas. Bogotá: Editorial Minerva, p. 76.
  9. Mendoza Suárez, Andrés Antonio (2008) El sistema de gobierno muisca antes de la invasión europea. Universidad Nacional de Colombia, Tesis de grado para optar por el título de Magister en Historia. Bogotá, pp. 1-4.
  10. Rozo Guauta, José (1978) Los muiscas: organización social y régimen político. Bogotá: Fondo Editorial Suramérica.
  11. Gutiérrez, Oskar Benjamín y G. Gómez(Comp.) 2003. Los Ancestrales Habitantes de Bogotá: 16.500 Años de Historia. Secretaría de Gobierno. Alcaldía Mayor de Bogotá, D.C..
  12. «Cabildo Indígena Muisca de Suba». Consultado em 1 de setembro de 2021 
 
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