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Nadejda Krupskaia

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Nadežda Krupskaja, ca. 1890

Nadežda Konstantinovna Krupskaja, em russo Наде́жда Константи́новна Кру́пская (São Petersburgo, 26 de fevereiro de 1869Moscou, 27 de fevereiro de 1939), foi uma revolucionária bolchevique e pedagoga russa , casada com o líder revolucionário Vladimir Lênin em 1898. Após a Revolução de 1917, participou do governo e teve importante papel na luta contra o analfabetismo na Rússia. Suas concepções sobre educação teriam grande influência no estabelecimento de novos métodos e práticas de ensino na URSS. Foi também uma das organizadoras do sistema bibliotecário soviético .

Biografia

Filha de um oficial das Forças Armadas do Império Russo, teve que interromper seus estudos aos 14 anos de idade, após a morte do pai. Mais tarde, entre 1889 e 1890, retomaria os estudos, estudando pedagogia numa escola superior feminina. Adepta dos ideais de Tolstoi, Krupskaja lecionou, de 1891 a 1896 em uma escola dominical noturna frequentada por trabalhadores. Descobre o marxismo e participa de círculos de discussão clandestinos sobre o assunto. Nesse ambiente, encontra Lênin em 1894. Lenin e Nadežda passam a se frequentar habitualmente e, em 1895, ambos estariam entre os fundadores da organização social-democrata União de Luta pela Emancipação da Classe Operária. Em dezembro de 1895, Lênin é preso. Pouco depois, é a vez de Krupskaja, que é detida durante as greves de 1896, sendo posteriormente condenada a seis meses de cadeia e três anos de deportação na Sibéria , onde já estava Lênin. Lá, os dois se casam em 10 de julho de 1898. Em 1901, o casal emigra para Munique e, depois, para Londres. Voltam à Rússia, onde permanecem de 1905 a 1908. Segue-se um novo exílio.

Krupskaja torna-se uma das maiores colaboradoras de Lênin, dedicando-se particularmente ao estudo de problemas pedagógicos e à formulação de um projeto de organização do ensino realmente formador, no contexto de um hipotético Estado proletário.

Após a vitória dos bolcheviques em 1917, Nadežda, apesar de ser a companheira de Lênin, não ocupará nem reivindicará uma posição de primeiro plano na burocracia soviética. No entanto, como adjunta do Comissário do Povo para a Instrução, Anatóli Lunatcharski, foi capaz de definir as bases de um novo sistema educacional. Segundo Krupskaja, era preciso destruir a antiga escola e criar uma outra, que fosse capaz de responder às exigências do sistema socialista nascente, com a unificação do sistema de ensino e a gestão centralizada, assegurando-se a continuidade do ensino básico ao superior e estabelecimentos gratuitos, abertos à totalidade da população. Mas o primeiro passo era a erradicação do analfabetismo.

Em 1919, um decreto governamental determinou a eliminação do analfabetismo entre os cidadãos de 8 a 50 anos . Em 1920, foi criada a Comissão Extraordinária para a Eliminação do Analfabetismo, encarregada de coordenar os esforços de todas as organizações de alfabetização da Rússia. Jovens estudantes, professores e intelectuais se associaram num esforço nacional, cujo lema era: "Que aquele que sabe ler e escrever ensine àquele que não sabe". Entre 1920 e 1940, cerca de 60 milhões de adultos foram alfabetizados, enquanto a quase totalidade dos jovens foi escolarizada. [1]

Vencido o primeiro passo na educação de adultos, ainda havia muito a fazer. "Não podemos nos contentar em apenas ensinar os alunos a ler, escrever e contar", pontificava Krupskaja. "Eles devem conhecer os elementos científicos de base, sem os quais não serão capazes de levar uma vida consciente". Assim, defendia o estudo das ciências naturais - visando permitir uma compreensão materialista dos fenômenos naturais e o uso racional das forças da natureza - e das ciências sociais - para compreender as relações de classes e as formas do desenvolvimento social. Defendia, assim, um ensino de caráter generalista, orientado para uma concepção científica do mundo. Suas ideias sobre o ensino politécnico - ligando a teoria à prática, a escola à vida - sobre a iniciação profissional, a autogestão na escola, a estreita ligação entre a família e a coletividade, assim como sua análise crítica da pedagogia tradicional, tanto da Rússia como de outros países, são até hoje reconhecidas como uma contribuição fundamental para o desenvolvimento da pedagogia na URSS.[1]

Após a morte de Lênin e em meio às lutas políticas que se travaram no interior do Partido Comunista , Nadežda Krupskaja, cujas relações, tanto pessoais como políticas, com Stalin se haviam deteriorado ao longo da doença de Lênin (1922-1923), foi sendo pouco a pouco afastada da cena política pelo Partido, até ficar reduzida a um papel meramente honorífico. Já em 1926, ela confidencia : "Se Volodya [Lênin] fosse vivo, a esta hora estaria na prisão". Ela chegou a fazer parte do comitê central em 1927 e, em 1929, foi comissária adjunta da Instrução. Participou da Oposição Unificada, com Kamenev e Zinoviev, e, após a capitulação de ambos, Krupskaja assistiu, em silêncio desesperado, à liquidação de toda a velha guarda bolchevique, entre 1934 e 1938. [2]

Faleceu em 1939, aos 70 anos.

Referências

  1. a b (em francês) Nadejda Kroupskaia (1869-1939). Por Mikhaïl S. Skatkine e Georgy S. Tsovianov. Perspectives : revue trimestrielle d’éducation comparée. Paris, UNESCO : Bureau international d’éducation, vol. XXIV, n° 1-2, 1994, p. 51-63
  2. (em francês) Encyclopædia Universalis. [http://www.universalis.fr/encyclopedie/nadejda-konstantinovna-kroupskaia/ KROUPSKAÏA Nadejda

Ligações externas

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Konstatninovna (1869-1939)]

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