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Grande Prêmio da África do Sul de 1992

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Grande Prêmio da África do Sul
de Fórmula 1 de 1992

20º GP da África do Sul realizado em Kyalami
Detalhes da corrida
Categoria Fórmula 1
Data 1º de março de 1992
Nome oficial XXXII Yellow Pages South African Grand Prix[1]
Local Kyalami, Midrand, Província de Gautengue, África do Sul
Percurso 4.261 km
Total 72 voltas / 306.792 km
Condições do tempo Quente, seco
Pole
Piloto
Reino Unido Nigel Mansell Williams-Renault
Tempo 1:15.486
Volta mais rápida
Piloto
Reino Unido Nigel Mansell Williams-Renault
Tempo 1:17.578 (na volta 70)
Pódio
Primeiro
Reino Unido Nigel Mansell Williams-Renault
Segundo
Itália Riccardo Patrese Williams-Renault
Terceiro
Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda

Resultados do Grande Prêmio da África do Sul de Fórmula 1 realizado em Kyalami em 1º de março de 1992. Primeira etapa da temporada, teve como vencedor o britânico Nigel Mansell, que subiu ao pódio junto a Riccardo Patrese numa dobradinha da Williams-Renault, com Ayrton Senna em terceiro pela McLaren-Honda.[2][3][nota 1]

Kyalami ontem e hoje

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Para esta edição do Grande Prêmio da África do Sul aproveitaram uma pequena parte do antigo traçado de Kyalami integrando-a a um novo circuito com 4.261 metros de extensão, sendo que em 1985 a prova sul-africana transcorreu sob estado de emergência decretado pelo presidente P. W. Botha numa época marcada pelo apartheid.[4] Alias, oito dos vinte e um pilotos presentes à pista naquele dia continuam em atividade na temporada de 1992: Ayrton Senna e Gerhard Berger defendem a McLaren enquanto Nigel Mansell e Riccardo Patrese fazem o mesmo pela Williams. A estes somaram-se desportistas experientes como Martin Brundle, Michele Alboreto, Pierluigi Martini e Thierry Boutsen.[5][6][nota 2]

Durante os treinos classificatórios o único a correr abaixo de um minuto e dezesseis foi o britânico Nigel Mansell ao volante de uma Williams FW14 com suspensão ativa, recurso desenvolvido desde o ano passado. Extraindo o máximo do equipamento, Ayrton Senna levou seu McLaren MP4/6B ao segundo lugar,[7] embora a diferença de oito décimos ante a pole position de Mansell mostrasse que, embora tenha levado o piloto brasileiro ao tricampeonato, o bólido concebido por Neil Oatley não era mais competitivo.[8] A segunda fila do grid também foi dividida entre McLaren e Williams, com Gerhard Berger à frente de Riccardo Patrese.

Neste regresso da Fórmula 1 à África do Sul os estreantes Christian Fittipaldi e Ukyo Katayama classificaram-se para a corrida enquanto os também novatos Paul Belmondo, Andrea Chiesa e Giovanna Amati (quinta mulher a guiar um carro na categoria)[9] ficaram pelo caminho.

Por outro lado a equipe Andrea Moda não pôde correr, pois embora tenha participado do treino de reconhecimento na quinta-feira (a pista revisada de Kyalami era nova no calendário), foi excluída da prova. Andrea Sassetti, dono da escuderia, acreditava que mesma não pagaria a taxa de US$ 100.000 para novas equipes alegando os precedentes de Footwork (aliás equipada com o estreante motor Mugen/Honda para 1992) e Fondmetal ao comprarem Arrows e Osella, respectivamente. Contudo as autoridades desportivas entenderam que Sassetti comprou os bólidos da Coloni, não sua inscrição para a disputa do campeonato.[10]

Mais uma vez Mansell

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Nigel Mansell manteve o primeiro lugar no momento da largada e contou com uma boa largada de Riccardo Patrese que assegurou uma dobradinha da Williams e jogou Ayrton Senna para terceiro adiante de Jean Alesi (Ferrari), Michael Schumacher (Benetton) e Gerhard Berger (companheiro de Senna na McLaren). Escoltado por seu companheiro de equipe, o "Red Five" cravou três segundos de vantagem sobre o pelotão em igual número de voltas, marcando sempre os melhores tempos. Enquanto o "leão" ponteava a corrida sem maiores dificuldades, os demais foram se acomodando com relativa distância entre os carros, mas nesse ínterim Patrese e Senna distanciaram-se do quarto colocado e conforme os dois encontravam retardatários pelo caminho, a diferença em prol do italiano caiu abaixo de dois segundos à altura da quadragésima volta, quando Alesi abandonou por quebra de motor. Tal fato permitiu a ascensão de Johnny Herbert (Lotus) ao sexto lugar.

Sem sofrer qualquer ameaça, Nigel Mansell assinalou a volta mais rápida a dois giros do final e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar com quase 25 segundos sobre Riccardo Patrese, cuja experiência e melhor equipamento o colocaram mais de dez segundos à frente de Ayrton Senna enquanto Michael Schumacher, Gerhard Berger e Johnny Herbert completaram a zona de pontuação. Tal como em 1985, a Williams levou Mansell à vitória, fez dobradinha e deixou uma McLaren em terceiro.[3][11]

Classificação da prova

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Pos. Piloto Construtor Q1 Q2 Dif.
1 5 Reino Unido Nigel Mansell Williams-Renault 1:15.576 1:15.486
2 1 Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda 1:16.815 1:16.227 + 0.741
3 2 Áustria Gerhard Berger McLaren-Honda 1:16.672 1:16.877 + 1.186
4 6 Itália Riccardo Patrese Williams-Renault 1:17.571 1:16.989 + 1.503
5 27 França Jean Alesi Ferrari 1:18.388 1:17.208 + 1.722
6 19 Alemanha Michael Schumacher Benetton-Ford 1:18.251 1:17.635 + 2.149
7 16 Áustria Karl Wendlinger March-Ilmor 1:18.880 1:18.115 + 2.629
8 20 Reino Unido Martin Brundle Benetton-Ford 1:19.885 1:18.327 + 2.841
9 28 Itália Ivan Capelli Ferrari 1:19.039 1:18.387 + 2.901
10 4 Itália Andrea de Cesaris Tyrrell-Ilmor 1:18.544 1:18.907 + 3.058
11 12 Reino Unido Johnny Herbert Lotus-Ford 1:19.362 1:18.626 + 3.140
12 3 França Olivier Grouillard Tyrrell-Ilmor 1:19.473 1:18.749 + 3.263
13 26 França Erik Comas Ligier-Renault 1:19.970 1:19.200 + 3.714
14 25 Bélgica Thierry Boutsen Ligier-Renault 1:19.506 1:19.296 + 3.810
15 15 Itália Gabriele Tarquini Fondmetal-Ford 1:19.577 1:19.305 + 3.819
16 10 Japão Aguri Suzuki Footwork-Mugen/Honda 1:19.532 1:20.285 + 4.046
17 9 Itália Michele Alboreto Footwork-Mugen/Honda 1:19.571 1:19.643 + 4.085
18 30 Japão Ukyo Katayama Venturi-Lamborghini 1:22.129 1:19.621 + 4.135
19 24 Itália Gianni Morbidelli Minardi-Lamborghini 1:21.027 1:19.636 + 4.150
20 23 Brasil Christian Fittipaldi Minardi-Lamborghini 1:20.111 1:19.641 + 4.155
21 11 Finlândia Mika Häkkinen Lotus-Ford 1:19.672 1:19.931 + 4.186
22 29 França Bertrand Gachot Venturi-Lamborghini 1:21.477 1:20.039 + 4.553
23 33 Brasil Maurício Gugelmin Jordan-Yamaha 1:20.120 1:20.216 + 4.634
24 21 Finlândia J. J. Lehto Dallara-Ferrari 1:20.571 1:20.126 + 4.640
25 22 Itália Pierluigi Martini Dallara-Ferrari 1:21.134 1:20.203 + 4.717
26 7 Bélgica Eric van de Poele Brabham-Judd 1:21.648 1:20.488 + 5.002
27 17 França Paul Belmondo March-Ilmor 1:22.022 1:20.580 + 5.094
28 14 Suíça Andrea Chiesa Fondmetal-Ford 1:22.170 1:21.209 + 5.723
29 32 Itália Stefano Modena Jordan-Yamaha 1:22.020 1:21.494 + 6.008
30 8 Itália Giovanna Amati Brabham-Judd 1:25.942 1:24.405 + 8.919
Fontes:[2]
Pos. Piloto Construtor Voltas Tempo/Diferença Grid Pontos
1 5 Reino Unido Nigel Mansell Williams-Renault 72 1:36:45.320 1 10
2 6 Itália Riccardo Patrese Williams-Renault 72 + 24.360 4 6
3 1 Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda 72 + 34.675 2 4
4 19 Alemanha Michael Schumacher Benetton-Ford 72 + 47.863 6 3
5 2 Áustria Gerhard Berger McLaren-Honda 72 + 1'13.634 3 2
6 12 Reino Unido Johnny Herbert Lotus-Ford 71 + 1 volta 11 1
7 26 França Erik Comas Ligier-Renault 71 + 1 volta 13
8 10 Japão Aguri Suzuki Footwork-Mugen/Honda 70 + 2 voltas 16
9 11 Finlândia Mika Häkkinen Lotus-Ford 70 + 2 voltas 21
10 9 Itália Michele Alboreto Footwork-Mugen/Honda 70 + 2 voltas 17
11 33 Brasil Maurício Gugelmin Jordan-Yamaha 70 + 2 voltas 23
12 30 Japão Ukyo Katayama Venturi-Lamborghini 68 + 4 voltas 18
13 7 Bélgica Eric van de Poele Brabham-Judd 68 + 4 voltas 26
Ret 3 França Olivier Grouillard Tyrrell-Ilmor 62 Motor 12
Ret 25 Bélgica Thierry Boutsen Ligier-Renault 60 Alimentação 14
Ret 22 Itália Pierluigi Martini Dallara-Ferrari 56 Embreagem 25
Ret 24 Itália Gianni Morbidelli Minardi-Lamborghini 55 Motor 24
Ret 21 Finlândia J.J. Lehto Dallara-Ferrari 46 Câmbio 24
Ret 23 Brasil Christian Fittipaldi Minardi-Lamborghini 43 Alternador 20
Ret 4 Itália Andrea de Cesaris Tyrrell-Ilmor 41 Motor 10
Ret 27 França Jean Alesi Ferrari 40 Motor 5
Ret 28 Itália Ivan Capelli Ferrari 28 Motor 9
Ret 15 Itália Gabriele Tarquini Fondmetal-Ford 23 Motor 15
Ret 16 Áustria Karl Wendlinger March-Ilmor 13 Superaquecimento 7
Ret 29 Bélgica Bertrand Gachot Venturi-Lamborghini 8 Direção 22
Ret 20 Reino Unido Martin Brundle Benetton-Ford 1 Embreagem 8
DNQ 17 França Paul Belmondo March-Ilmor Não qualificado
DNQ 14 Suíça Andrea Chiesa Fondmetal-Ford Não qualificado
DNQ 32 Itália Stefano Modena Jordan-Yamaha Não qualificado
DNQ 8 Itália Giovanna Amati Brabham-Judd Não qualificada
EXC 34 Itália Alex Caffi Andrea Moda-Judd Inscrição recusada
EXC 35 Itália Enrico Bertaggia Andrea Moda-Judd Inscrição recusada
Fontes:[2]

Tabela do campeonato após a corrida

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  • Nota: Somente as primeiras cinco posições estão listadas.

Notas

  1. Voltas na liderança: Nigel Mansell liderou as 72 voltas da prova.
  2. Alan Jones, contratado pela Haas Lola, era o vigésimo primeiro piloto habilitado a correr no Grande Prêmio da África do Sul de 1985, mas alegou indisposição e não disputou aquela prova.

Referências

  1. «Motor Racing Programme Covers: 1992». The Programme Covers Project. Consultado em 8 de julho de 2019 
  2. a b c «1992 South African Grand Prix - race result». Consultado em 14 de julho de 2019 
  3. a b GOMES, Flávio. Mansell vence GP de ponta a ponta (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 02/03/1992. Esporte, Capa. Página visitada em 25 de julho de 2019.
  4. Fred Sabino (5 de abril de 2018). «GP do Barein, uma corrida marcada por protestos políticos, como na África do Sul». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 14 de julho de 2019 
  5. Fred Sabino (29 de fevereiro de 2020). «Circuitos Clássicos #2: Kyalami teve corridas emocionantes, bi de Piquet e acidentes fatais». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 29 de fevereiro de 2020 
  6. EWERTON, Fernando. Fim do "apartheid" recupera Kyalami para F1 (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 16/02/1992. Esportes, Primeiro caderno, p. 28. Página visitada em 14 de julho de 2019.
  7. GOMES, Flávio. Mansell larga na frente em Kyalami (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 01/03/1992. Esporte, p. 4-6. Página visitada em 25 de julho de 2019.
  8. Fred Sabino (20 de outubro de 2019). «Máquinas Eternas #24: McLaren MP4/6 deu tricampeonato mundial a Ayrton Senna em 1991». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 8 de novembro de 2019 
  9. Fred Sabino (8 de março de 2018). «No Dia Internacional da Mulher, relembre as pilotos que já participaram da Fórmula 1». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 14 de julho de 2019 
  10. «Andrea Moda Formula (em inglês) no grandprix.com». Consultado em 26 de julho de 2019 
  11. Williams domina o triste GP da África do Sul (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 20/10/1985. Esportes, p. 31. Página visitada em 26 de julho de 2019.
  12. a b «1992 South African GP – championships (em inglês) no Chicane F1». Consultado em 27 de setembro de 2020 

Precedido por
Grande Prêmio da Austrália de 1991
FIA Campeonato Mundial de Fórmula 1
Ano de 1992
Sucedido por
Grande Prêmio do México de 1992
Precedido por
Grande Prêmio da África do Sul de 1985
Grande Prêmio da África do Sul
32ª edição
Sucedido por
Grande Prêmio da África do Sul de 1993