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Convento do Carmo (Évora)

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Convento do Carmo
Convento do Carmo (Évora)
Porta dos Nós
Tipo convento e igreja
Estilo dominante Barroco
Arquiteto Diogo de Arruda
Inauguração 1665
Proprietário atual Arquidiocese de Évora
Função atual religiosa
Religião católica
Diocese Évora
Património Nacional
SIPA 4444
Geografia
País Portugal
Cidade Évora
Coordenadas 38° 34' 12" N 7° 54' 20" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico
Évora, vendo-se à esquerda a cúpula da Igreja do Carmo

O Convento de Nossa Senhora do Carmo, também conhecido como Igreja do Carmo e Igreja e Convento do Carmo, é um vasto monumento religioso da cidade de Évora, ficando situado no Largo das Portas de Moura e Rua D. Augusto Eduardo Nunes (antiga Rua da Mesquita), na freguesia de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão).[1]

História[editar | editar código-fonte]

Os frades carmelitas estabeleceram-se em Évora em 1531, no tempo do Bispo Cardeal D. Afonso, tendo o primitivo mosteiro sido edificado extra-muros, na zona das Portas de Avis e Lagoa, junto à antiquíssima Capela de São Tomé. O edifício ficou praticamente destruído com o cerco de Évora durante a Guerra da Restauração (século XVII). Os frades carmelitas, delajodas, pediram ao rei D. Afonso VI| que os deixassem habitar o antigo Paço dos Duques de Bragança em Évora, situado junto às Portas de Moura. O monarca acedeu ao pedido, doando a antiga moradia dos Bragança aos Carmelitas, com a condição de manterem a célebre porta dos nós, símbolo da Sereníssima Casa de Bragança, o que os frades respeitaram. A igreja foi sagrada solenemente no ano de 1691.[2]

O mosteiro foi extinto em 1834, juntamente com todas as ordens religiosas em Portugal, voltando então à posse da Casa de Bragança. O convento ficara no entanto inacabado, faltaram construir dois lanços do grande claustro e as torres sineiras da igreja. A rainha D. Maria II, a pedido do Arcebispo de Évora, D. Francisco da Mãe dos Homens Anes de Carvalho, cedeu-o para seminário maior da arquidiocese, que poucos anos depois se mudou para o antigo Colégio da Purificação.[2] Foi então vendido à família Margiochi, que o cedeu para Colégio das Irmãs Doroteia, que viriam a ser expulsas pela implantação da república. Em 1914, foi novamente cedido à arquidiocese, para paço arquiepiscopal, uma vez que a República havia expropriado o paço junto à .[2] Na década de 1990 o Arcebispo de Évora, mudou-se para um novo Paço Arquiepiscopal, e o edifício foi arrendado à Universidade de Évora, que nele instalou o Departamento de Música e Teatro. A igreja do convento do Carmo (que permaneceu sempre em posse da Arquidiocese) é, desde 1934, por decisão do Arcebispo D. Manuel da Conceição Santos, a igreja paroquial da freguesia da Sé.[1]

Em 2024, o convento estava a ser transformado em hotel. O projeto contempla 51 quartos, alguns dos quais planeados para serem subterrâneos. Durante os trabalhos de escavação foi descoberto um bairro islâmico/árabe datado dos séculos X e XI, correspondente ao período inicial da ocupação norte-africana.[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O edifício conventual ergue-se ao longo da Rua da Mesquita, em linhas severas do barroco seiscentista, sendo a portaria aberta por alpendre de pedra de cúpula piramidal. A entrada para o adro da igreja faz-se por longa escadaria de granito, para onde se abre a monumental porta dos nós, que os frades aproveitaram para porta da igreja.

Interior[editar | editar código-fonte]

O interior, de proporções monumentais, compreende uma só nave, de abóbada de berço, com seis capelas laterais, coro-alto e galerias altas, pelas quais se ilumina a nave. Sob o cruzeiro ergue-se a maior cúpula da cidade de Évora. Os três altares do cruzeiro são particularmente monumentais, devido às suas invulgares dimensões, sendo exemplares de épocas diferentes da arte da talha dourada portuguesa. O do lado esquerdo, chamado de Nossa Senhora da Piedade, é o mais antigo do templo, sendo ainda do reinado de D. Pedro II. O do lado direito, chamado do Santíssimo Sacramento (antigo altar privativo da Ordem Terceira do Carmo), é particularmente majestoso, já da época do barroco-rococó. Finalmente o Altar-Mor, de enormes dimensões, de talha dourada e marmoreada, marcado essencialmente pelo período joanino, destacando-se as ornamentações do trono da exposição solene do Santíssimo Sacramento e da imagem de Nossa Senhora do Carmo.[4]

Referências

  1. a b Igreja e Convento do Carmo de Évora na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural. Consultado em 16-7-2024.
  2. a b c Froís, Virgínia (2002). Conversas à volta dos conventos. Évora: Casa do Sul 
  3. «Descoberta histórica em Évora: Bairro Islâmico descoberto no antigo Convento do Carmo». www.radiocampanario.com 
  4. Espanca, Túlio (1966). Inventário Artístico de Portugal - Concelho de Évora, Vol.7. Lisboa: [s.n.] 
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